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Elas que ousam #2

  • Writer: Maria Clara Castro
    Maria Clara Castro
  • Mar 15, 2021
  • 4 min read

Bem vindos a mais um texto do projeto “Elas que ousam”. Se você caiu de paraquedas por aqui e não sabe muito bem sobre o que se trata esse projeto, fique de boa que eu lhe explico: “Elas que ousam” é uma série de textos que abordam histórias de mulheres que ousaram e ousam pensar alto, serem elas mesmas e seguirem seus sonhos. Assim, semanalmente, conto a história de três a quatro mulheres do mundo do esporte a motor.

Hoje são elas: Virginia Williams, Denise McCluggage e Ruth Buscombe.

  • Virginia Williams

Apesar de ser sobre a história da equipe, quando assisti ao documentário "Williams", o que mais me chamou atenção foi a figura de Virginia Williams, apelidada Ginny Williams. Ela não foi piloto, engenheira ou mecânica, ela foi apoio.

Frank Williams é um ser único, dono de personalidade e genialidade próprias. Não gostava muito de férias em família – de férias, no geral – e tinha sua vida girando em torno do esporte a motor. Ao se deparar com essas posturas, são frequentes feições confusas e questionamentos, mas nunca de Ginny Williams. A mulher não só respeitava as atitudes de Frank, mas dava a ele total apoio. Sabe aquela hora nos casamentos que os noivos juram estarem presentes um para o outro, seja na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza? Ginny, ao jurar, quis dizer cada palavra.

Quem conhece um pouco a Williams sabe que a história do garagista foi uma montanha-russa de emoções e momentos. Ginny estava presente em todos, especialmente em 1986, ano em que Frank sofreu o acidente que o colocou na cadeira de rodas até os dias de hoje. À época, o inglês era quem liderava a equipe, porém, por conta do acidente, essa tarefa ficou para Ginny. No Grande Prêmio da Grã-Bretanha daquele ano, numa tentativa de homenagear os esforços de Virginia, a equipe quis que ela subisse ao pódio representando a equipe – caso não saiba, compunham o pódio deste Grande Prêmio, em terceiro lugar Alain Prost pela McLaren, em segundo lugar Nelson Piquet e em primeiro lugar Nigel Mansell, ambos pela Williams. Ginny Williams tornou-se, deste modo, a primeira mulher a receber um troféu na Fórmula 1 representando uma equipe.

No livro “A Different Kind of Life”, ela relata sua história com Frank e como sua vida virou de cabeça para baixo após o acidente do marido. Virginia Williams é um símbolo de força, companheirismo e dedicação.


Pódio - GP da Grã-Bretanha, 1986
  • Denise McCluggage

Pense em uma mulher maneira e descolada. Eu pensei em Denise McCluggage.

Denise foi repórter e piloto. Isso mesmo, repórter e piloto.

A estadunidense começou sua carreira como repórter para o jornal San Francisco Chronicle, em que cobria a categoria de “esportes extremos” – por exemplo, corridas, esqui e paraquedismo. À época do início das amadoras corridas de rua nos Estados Unidos, Denise possuía uma participação dupla: era tanto repórter, quanto piloto. Pense numa matéria completa, viu? A mulher traduzia em palavras a experiência por trás do volante.

Denise era boa no que fazia. Aos cinquenta anos era piloto profissional e possuía grande vivência na área do jornalismo automotivo, tanto que foi uma das fundadoras da “Competition Press”. Essa, hoje conhecida como “Autoweek”, foi a primeira fonte semanal sobre o que acontecia no mundo do automobilismo. Dominava tão bem a arte de traduzir em palavras o que muitos pilotos sentiam por trás do volante, que Denise recebeu o prêmio Ken. W. Purdy por excelência no jornalismo automobilístico, bem como foi a primeira jornalista a ser inserida no Automotive Hall of Fame.

A todas as garotas que sonham em ser jornalistas do mundo do esporte a motor, não esqueçam de incluir Denise McCluggage à lista de inspirações.


  • Ruth Buscombe

Ei você que sonha em ser engenheira na Fórmula 1, se liga na história dessa mulher! Ruth Buscombe é inglesa de Walthamstow e se interessava por corridas desde nova, mais ou menos por volta dos 11 anos. Na época da escola, já sonhava com a engenharia e seus professores a questionavam por que seguir carreira em um setor majoritariamente masculino. A resposta é um tanto simples: porque era seu sonho.

Aos 18 anos, Ruth começou a cursar Engenharia Aeroespacial e Aerotérmica na Universidade de Cambridge. Na faculdade, participou de diversos projetos, dentre estes, um em que ajudava a modelar o Sistema de Redução de Arrasto, a famosa “asa móvel” ou “DRS”. Deste modo, em seu mestrado, sob a supervisão do ex-chefe de equipe da Jaguar Tony Purnell, Ruth estudou os efeitos do DRS.

Em 2012, formou-se e foi a primeira de sua classe. No mesmo ano, Ruth iniciou sua carreira na Fórmula 1, como engenheira de desenvolvimento de simulações da Ferrari. Na escuderia de Maranello, Ruth também trabalhou como engenheira estrategista de dois pilotos: Felipe Massa e Kimi Räikkönen. Em novembro de 2015, ela se juntou à equipe Haas, ficando até junho de 2016. No mesmo ano, em setembro, a Sauber – hoje Alfa Romeo – a contratou e atualmente é engenheira chefe de estratégia da equipe.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, em relação à engenharia e mulheres, Buscombe disse: “Elas precisam saber que a engenharia também é para elas. Quando estava na escola, não sabia que poderia fazer isso e é aí que temos de dizer às garotas que essa possibilidade também existe.” E como existe, Ruth!

Inspiração. Sinceramente, uma de minhas partes favoritas sobre o projeto “Elas que ousam” é não só escrever sobre histórias, mas sobre histórias reais, de pessoas, mulheres reais. Pensar e saber que elas existiram ou existem e que, de fato, viveram tudo isso é simplesmente inspirador.

E vocês, o que acham? Contem-me o que pensam dessas histórias, qual o impacto delas em vocês? Podem me falar pelo Twitter, Instagram ou e-mail (mcdbc01@gmail.com).

Por ora, fico por aqui. Até o próximo post!

 
 
 

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