Guia de Pista: Bahrein

Maria Clara Castro
Mar 17, 2022
4 min read

Fala, galera!

Amanhã, teremos a abertura de uma nova temporada da Fórmula 2 e FIA Fórmula 3, no Circuito Internacional do Bahrein. Pensando em aproximar a parte técnica destas categorias a vocês, desenvolvi esse Guia da Pista e tive ajuda do Igor Fraga, que disputou a FIA F3 em 2019 e 2020, foi o campeão de 2020 da Toyota Racing Series e campeão mundial FIA GTC.

Obrigada, Igor, pela ajuda! Este texto não sairia do papel se não fosse por você!

Layout da pista do Bahrein (Divulgação/F1)

Como pode ser observado na imagem, o Circuito Internacional do Bahrein compreende 15 curvas, três zonas de detecção de DRS e três setores.

Porém, quais são seus desafios? Qual o pneu ideal para essa pista? Como seria o acerto do carro da F2 e da F3? A resposta para essas perguntas – e outras neste estilo –, você confere abaixo.

Pneus

F2 – A Fórmula 2 abrirá a temporada com dois compostos de pneus: P Zero Branco duro e o composto P Zero Vermelho macio. Apesar da Pirelli não ter informado a quantidade de jogos de pneus disponibilizados nesta etapa, geralmente os pilotos recebem quatro sets do composto mais duro e dois sets do mais macio.

F3 – Diferentemente da F2, a FIA Fórmula 3 está calçada neste fim de semana somente com um composto de pneu: P Zero Branco. Quanto à quantidade de conjuntos de pneus, mesmo a Pirelli não divulgando, ela deve ser a mesma ou semelhante à quantidade de sets da F2.

Frenagem forte

Os primeiros setores, em especial o segundo setor, são marcados por frenagens fortes, ou seja, o tempo de desaceleração é longo, o que torna essencial um carro estável para o mesmo não destracionar na retomada.

Fala, Igor!

“No Bahrein, você precisa de um carro quase que completo. A ênfase maior será a estabilidade durante a frenagem, porque o circuito tem frenagens fortes e longas. O piloto chega na reta principal a, por exemplo, 280 km/h no carro da F3 e freia a menos de 150 metros, só que para isso você reduz para menos de 100 km/h. Então, durante a volta inteira, tem muitas frenagens deste nível, por isso é muito importante ter uma estabilidade boa e confiança com o carro durante estas frenagens fortes.”

Terceiro setor fluido

Diferentemente dos primeiros setores, o setor três possui algumas curvas de alta velocidade, desafiando mais os pilotos, já que se acertarem o carro para os setores um e dois, que são mais travados, perde-se tempo no setor três.

Fala, Igor!

“Nas reacelerações, é preciso que o carro tenha estabilidade para ter uma tração boa e o piloto conseguir acelerar forte, sem o carro destracionar muito. Isso é crucial para conseguir um bom tempo. Mas, no terceiro setor tem algumas curvas que são mais de alta velocidade e não podemos descartar isso. Como eu disse, a ênfase maior será nessa questão de frenagem e retomada, tração, então é preciso um acerto que saiba balancear esta questão com as curvas de alta, senão o piloto perde muito tempo no setor 3”

Condições mudam num piscar de olhos

As condições climáticas em Manama, no Bahrein, mudam em um piscar de olhos e, claro, impactam nas condições de pista. Quem acompanhou a pré-temporada da F2 e FIA F3 há duas semanas viu a última sessão de testes da F2 ser cancelada por uma tempestade de areia.

Vale lembrar: teremos a Fórmula 1, F2 e FIA F3 acelerando na mesma pista. De acordo com a Pirelli, “há um alto grau de evolução da pista no fim de semana, e este ano provavelmente será ainda maior”, por conta das categorias de apoio.

Fala, Igor!

“A pista muda muito de condição, porque o vento muda de direção. Então, por exemplo, às vezes tem curva que o piloto pode forçar mais, em um outro momento já não consegue carregar a mesma quantidade de velocidade, pois a pista está suja ou o vento mudou de direção, tem tudo isso em jogo. Pode vir tempestade de areia e no outro dia amanhecer com a pista diferente, ou pode começar o fim de semana com a pista suja e a cada sessão ir melhorando, mudando a condição de pista completamente.”

Precisão na classificação

As frenagens fortes são características da pista, bem como um tempo de volta um tanto quanto alto – por volta do 1min40s e 1min45s –, o que torna o gerenciamento de pneus um desafio aos pilotos, especialmente dos traseiros.

Na classificação, portanto, o piloto deve ser preciso, certeiro para encaixar uma boa volta no tempo de boa performance do pneu.

Lembrando que o recorde da pista é de 1min38s907, feito por Charles Leclerc na F2, em 2017. Ano passado, o pole position da F2 foi Guanyu Zhou, com o tempo de 1min42.848.

Fala, Igor!

“Em relação à dificuldade do piloto, na classificação o mesmo só tem praticamente a primeira volta do pneu, a segunda volta fica pelo menos 2 ou 3 décimos de segundo mais lento e aí você tem a opção de passar dois ou três jogos de pneus. Teoricamente, o piloto terá chances reais de fazer um tempo bom, duas ou três vezes, dependendo da quantidade de pneu que o piloto passar. O piloto terá que ser muito preciso, entrou na pista, aqueceu o pneu, tem que virar volta boa. Esse é um grande desafio da pista do Bahrein, a degradação é alta e o pneu superaquece rapidamente. Como a volta é longa, chega no final da volta, o pneu já está abrindo bico.”

Corrida

A corrida, tecnicamente falando, será um compilado destes desafios descritos acima – além dos desafios de uma corrida normalmente.

Fala, Igor!

“Para a corrida, o desafio vai ser controlar a degradação do pneu traseiro e ser rápido ao mesmo tempo. Como tem essas retomadas após as curvas de baixa velocidade, o pneu acaba aquecendo muito, então o piloto deve saber gerenciar bem isso, assim como acertar o carro de uma forma que force menos os pneus traseiros e, portanto, manter um desempenho melhor até o fim da corrida. É provável que vejamos aí, o tempo de volta do começo da corrida ao final cair pelo menos dois segundos. O piloto que não souber gerenciar bem o pneu ou o carro que não estiver bem acertado no final da corrida vai sofrer e vai sofrer bastante”.

Confira as informações principais da etapa do Bahrein: